Até os meus vinte anos, minha vida foi programada, e parcialmente vivida, de acordo com a expectativa genética de meus antecessores. A partir de lá, tudo mudou, nada mais do vivido estava no roteiro original. Posso bem dizer que cansei de me surpreender comigo mesma e minha infinita capacidade de mudar de ideia acerca de tudo. Se eu mesma me surpreendia com minhas atitudes, o que dirão os outros que nunca estiveram dentro de minha cabeça e nem partilharam de meu espírito livre.
Casei, descasei, mudei, voltei, reatei, mudei, busquei, estudei, formei, mudei, enjoei, criei laços indissolúveis e dissolvi laços inúteis, mudei. Na realidade, para mim, tudo isso foi e tem sido vida. Arrependimentos, lágrimas e muitos momentos aos quais dou o nome de Conjunto da Obra, minha vida escolhida e roteirizada por mim, divertida para mim.
Agora, mais uma vez, sorrio, me surpreendo comigo mesma, por uma coisa inesperada. E ouço ecoar repetidamente o refrão de Gil, “Hoje eu me sinto / como se ter ido fosse necessário para voltar / tanto mais vivo / de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá”.
PS: Sempre fui porque sabia para onde voltar.