Tenho 27 anos e carrego The Portable DP comigo como se fosse um livro santo. Para todos os lugares que vou, você vai comigo e tento aprender como me expressar de maneira lírica e irônica ao mesmo tempo. Você foi alguém que eu gostaria de ter sido. Conhecido. Ou não. Sublinho seu-meu livro, marcando as … Continue lendo Carta a Dorothy Parker
Crônica
Dez para meia-noite
Domingo de verão, sol derretendo asfalto e ele na cama, não se sentia bem. Parecia um resfriado sem febre, podia ser garganta inflamada pelo entra e sai do ar-refrigerado, não se sentia bem. A família estava reunida em casa, uns conversavam, outros assistiam a qualquer coisa na TV, só ele que não se sentia bem. … Continue lendo Dez para meia-noite
A casa de minha infância
A casa de minha infância tem paredes brancas e janelas de peroba-do-campo que meu avô não deixou pintar. A casa de minha infância tem portas almofadadas, lareira com lenha que queima azul para todo mundo olhar como uma T antiga, tem a poltrona do Fasanello que foi consertar e nunca mais retornou, tem mesa comprida com … Continue lendo A casa de minha infância
Fora de área
Eu queria te falar do meu dia hoje, das últimas semanas, o que tenho feito, notícias boas, sentimentos de luz, que fazem meu rosto brilhar. Eu queria te contar o que se passa em meu coração, o que tem me feito sorrir, do trabalho, da caminhada na praia. Como é bom ver o mar, olhar … Continue lendo Fora de área
Pérolas podres
Atiram-te pérolas podres e tu as recebes como habituais. Não mais. Tens já um baú com pérolas podres que de nada te servem. Já causaram dor, já causaram sofrimento, hoje causam enfado e tristeza que tu não mais aceitas. Nada fizestes para mereceres palavras tão duras, carregadas de tamanho desamor. Não mais. As pérolas que não puderes … Continue lendo Pérolas podres
12 anos hoje
Eu tive uma filha de quatro patas e pelo avermelhado que estaria fazendo doze anos hoje. Ela conseguiu tirar o melhor de mim em todos os sentidos. Fez-me rir com suas estrepolias e o olhar pidão, esteve presente nos momentos mais difíceis, queria aconchego e proximidade -- e teve -- e, com a cabeça deitada … Continue lendo 12 anos hoje
Bala perdida
O impacto me jogou no chão, barriga para baixo, pernas em desalinho, vestido levantado, rosto arranhado no asfalto quente, tal como o líquido que escorria pelas minhas costas, mãos e pernas paralisadas pelo medo, olhos fechados pela dor. Passos apressados ao meu redor, gritos de gente desconhecida que empurrava o meu grito mudo de volta para … Continue lendo Bala perdida
Terceiras impressões de São Paulo
São Paulo, te digo adeus, pela primeira vez, chorando. Suas ruas iluminadas são chamas apagadas em meu coração. Suas luzes acesas vistas do alto lembram-me o tempo perdido no ar. Choro o meu pranto agora, olho ao redor e não sei de cor a tua música. Outro dia achei que tinha ouvido a sua voz. Era tão nítido, era tão … Continue lendo Terceiras impressões de São Paulo
Segundas impressões de São Paulo
A chuva finalmente parou após três dias e o tempo começa a firmar. A noite cai mais depressa e, no centro da cidade, passos apressados no chão encharcado indicam a chegada do fim de semana. Olho para os lados e tento descobrir aonde todas essas pessoas vão celebrar a sexta-feira, onde estão os bares, as … Continue lendo Segundas impressões de São Paulo