Dez para meia-noite

Domingo de verão, sol derretendo asfalto e ele na cama, não se sentia bem. Parecia um resfriado sem febre, podia ser garganta inflamada pelo entra e sai do ar-refrigerado, não se sentia bem. A família estava reunida em casa, uns conversavam, outros assistiam a qualquer coisa na TV, só ele que não se sentia bem. Na hora do almoço, fez grande esforço para se levantar e se sentar à cabeceira, gostava de todos reunidos, faria tudo por aquelas pessoas, estava pesaroso de não se sentir bem. Terminada a refeição, levantou-se para voltar para cama, não sem antes explicar que não se sentia bem. Todos perguntaram o que era e ele fez por menos, uma indisposição, uma dor no corpo, só não se sentia bem. Fim de tarde, família se despedindo, ele perguntou à filha se não dormiria lá e ela achou melhor voltar para casa pelo trabalho que daria na segunda de manhã. Ele se despediu dos filhos e netos, estava triste pois não se sentira bem todo o dia. Casa vazia, eram dez para meia-noite quando comentou com a mulher que sentia o corpo muito mole, uns arrepios e calafrios, só podia ser uma gripe daquelas, provavelmente não iria trabalhar no dia seguinte, iria descansar, ninguém o faria levantar daquela cama. E não levantou mesmo. Nunca mais.

 

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