Ela carrega o mesmo sorriso de menina, os olhos verdes que quase se fecham enquanto a boca se abre no sorriso da faculdade. Rosa sorri enquanto penteia os cabelos de sua mãe e à medida que desliza as mãos pelos fios pensa na data que se aproxima.
Conceição e Paulo completarão meio século de vida em comum, cinquenta anos de casamento, dez-mais-dez-mais-dez-mais-dez-mais-dez anos de acordar juntos, dormir mão-na-mão, subir escada, descer do carro, levar filho, trazer neto, fazer comida, fazer amor, dançar de rosto colado, virar para o lado na briga, fazer as pazes acordados.
Conceição guarda o primeiro olhar trocado, Paulo olha e ainda vê a moça linda que subiu ao seu encontro no altar da igreja em Viana-do-Castelo, lá do outro lado do oceano, na terra em que nasceram. Rosa penteia hoje os cabelos da noiva de outrora.
Paulo rapazola, mão no bolso, enamorado da menina Conceição que só tinha permissão para encontros observados com rigor pelos mais velhos. Conceição, sentada, à espera do jovem noivo que não pediu só a mão: queria a moça inteira. Cinco anos se passaram entre o portão da casa e o altar da igreja. Cinco anos de beijos roubados, de dedos encostados, de escapadelas nos corredores, de planos e enxoval, cinco anos de espera. Chegou o dia 4, foi em outubro e Paulo, com o fato sob medida, segurou a mão de Conceição, agora toda sua, agora inteira sua.
Desembarcaram no Rio e a vida seguiu seu rumo. Filhos nasceram, filhos cresceram, filhos casaram, os anos passaram, os amigos vieram, os amigos mudaram, o amor permaneceu. Não foi fácil, pois nunca é, mas por toda a vida Conceição enxergou em seu marido, o jovem escolhido e Paulo ainda hoje vê a noiva mais linda nas mãos de sua filha Rosa.
Felicidade plena é a consequência da alegria continuada.
Deus os abençoe sempre!
beijo com carinho da Silvia.
O amanhã não nos pertence, seguimos em frente achando que sabemos o que vamos encontrar, tentativas e erros…
O que fica é o amor, o que castiga é a saudade…