Na primeira sessão, do primeiro dia em cartaz fui assistir ao novo Woody Allen. Ah, é aquela coisa, né, para quem é fã desde a mais tenra idade e acompanhou várias faces do mesmo autor, Woody é para sempre com amor.
Seu mais recente é uma comédia, para rir bastante, com sua participação como ator em mais um personagem cheio de neuroses – que adoro -, muitas imagens de Roma e tramas paralelas que quase se esbarram. Baldwin se encontrando com ele mesmo trinta anos mais jovem (essa é a minha interpretação) e confirmando que sua escolha fora a mais correta: trocou a insegurança de uma aventura de tirar o fôlego trinta anos antes, por uma vida organizada. Poderá não ter sido tão emocionante, mas terá demonstrado a serenidade dos acertos. As cenas com Benigni, cidadão comum que é alçado ao posto de celebridade sem ter feito nada para isso são um reflexo bem conhecido de nossos dias, vidas expostas nas ruas, nas redes, aqui mesmo. Afinal, o que ele comeu de café da manhã naquele dia não deixa de ser como uma das milhões de postagens de facebook e afins. O cantor de ópera que só canta no chuveiro e as produções – o personagem de Woody é um produtor de musicais “muito à frente de seu tempo”, uma crítica para aqueles que querem reinventar a roda – levadas aos grandes teatros com o tenor (?) pelado dentro de um box de chuveiro e grande orquestra e atores rende aquele tipo de gargalhada pela vergonha alheia. As cenas são ótimas. Penélope Cruz faz quase uma figuração de luxo, mas é Penélope, e o encontro dela com seus clientes em um evento super careta, com famílias conservadoras rende mais risos. Creio ter ouvido alguns risos do tipo “nervosos”, na sala de cinema, como a dizer “já passei por isso” ou “Deus me livre passar por algo semelhante”. Outra cena interessante é a de Milly, que perde-se em Roma e é encontrada por um grande ator italiano que tudo faz para seduzi-la. Ela é casada. Mas será que uma fugidinha com seu ídolo seria considerada infidelidade? Afinal, uma chance como aquela, para pessoas comuníssimas como Milly, não apareceria outra vez… Há quem diga que o filme está repleto de clichés, eu acredito em tarde com poesia, risos, assuntos do dia a dia, Woody – sempre ele -. Faltaram só o vinho e a pipoca. Assim que sair em dvd.