Ele, de joelhos no meio da sala, gritou: “talk to me!”, enquanto ela, dentro de si mesma, virou o rosto. Não tinha condições de falar nada, não queria ouvir, queria desaparecer na vida, na multidão, na cidade, no mundo. Desaparecer sem dar explicações. Desaparecer. Marcou o dia da partida e começou a arrumar as malas.
A cena toda era patética, ele segurava a cabeça com as mãos e soluçava, sem forças. Telefonava para amigos, visitava a família, andava à esmo pela areia da praia, voltava ao anoitecer. Já conhecera a insegurança, passara pelo desespero, pela argumentação, encontrara o imperioso silêncio em que ela se fechara.
No último dia, ele saiu cedo de casa, deixou a aliança na mesinha e a passagem na cômoda. Quando ela chegou mais tarde, viu primeiro a passagem. Segurou-a por longo tempo e deixou-a no mesmo lugar. Viu a aliança na mesa e soube que era tarde para falar.