Do lado de fora da casa, a chuva fina do verão com temperatura amena bate suavemente em meu rosto, saio para uma volta e os cachorros vêm atrás de mim, sem que eu precise chamá-los. Um dia achei que seria feliz aqui para o resto de minha vida. Mas, para o resto ainda falta muito – acho eu, e a vida que segue em frente não será aqui.
Vejo as montanhas de minha Tormes por trás das brumas da chuva e sei que esse ciclo terminou. A casa está quase vazia, o caminhão na porta, o carro cheio e sei que minha Tormes, nunca deixará de ser minha, apesar de já não ser.
A mudança que era para ser suave, foi brusca; o projeto que era para ser amigo, foi bruto; a mão que era para ajudar, atrapalhou; o domingo que era para ser de renascimento, foi de morte e tudo o que veio depois, não existiu.
A serra dormirá eternamente em meus sonhos, nas lembranças, na esperança do sol da cidade grande que, agora, iluminará meus dias.