Assisti ao filme “Mrs Henderson presents”, descontraidamente, após zapear perdida por canais demais, com opções de menos.
É um filme do ótimo diretor Stephen Frears, de 2005, com Judi Dench e Bob Hoskins. Sobre o filme em si, diretor e principais atores dizem tudo, não preciso acrescentar mais nada.
Eu ainda não o havia assistido, e me comovi com o enredo. Baseado numa história real, não tem nada, nem nunca teve a ver com a minha vida, o filme é passado durante a Segunda Guerra, Londres intensamente bombardeada, e Judi Dench-Mrs Henderson compra um teatro e o põe para funcionar juntamente com o diretor contratado Bob Hoskins-Vivian Van Damme.
O que me chamou a atenção foi o relacionamento dos dois, o imenso afeto que surgiu ao longo de anos de convivência, brigas e acertos. As cenas que mostram o respeito entre eles, apesar de discordâncias, o momento exato da descoberta da admiração de um pelo outro, o amor que transcende os fatos corriqueiros da vida.
Mrs Henderson, no telhado de seu teatro, assistindo ao bombardeio alemão no leste de Londres, levou-me a viajar por sentimentos adormecidos e amortecidos nos dois últimos anos. Imaginei um filme dentro do filme, aonde passeavam diante dela, grandes casais que fizeram e farão, para sempre, parte da minha vida. Meu pai/minha mãe, Loloy/Lolô, Carlos Alberto/Regina, Nelson/Laurita, Renato/Sonia, Hilton/Vera, Felippe/Silvinha, João/Nazareth, Alberto/Yvone, Henrique/Clarice, Malcher/Leda. Todos dançando juntos, na última cena, dando para mim e meus irmãos, o melhor da vida, a própria vida.
Dançar para a vida, por que os dias serão cinzentos e ensolarados, as dores doerão, os amores deixarão suas marcas, boas e más, as saudades serão sentidas, os risos compartilhados, mas teremos dançado a vida, e isso é tudo o que importa agora.