Encontro marcado

Podem dizer o que quiserem. A economia está ruim, os números maquiados, os protestos violentos, as manifestações perigosas, a roubalheira generalizada, o desânimo assustador. Podem repetir que em vez dos gastos com o futebol, o país deveria priorizar a educação, a saúde, o transporte e a educação. Podem exigir estradas seguras e menos impostos. Podem gritar que nada faz sentido no país do futebol. Podem dizer que não vai ter Copa. Para mim, que acho que peculato e seus primos deveriam ser crime hediondo, sem direito a fiança, e que acredito que os códigos penal e de processo penal estão com a validade vencida, vai ter um campeonato de futebol, não a Copa. A Copa que não vai acontecer é a mesma para a qual tínhamos compromisso acertado e assinado, que seria cheia de expectativas e risos, bandeira e hino, como tantas outras. A Copa na nossa língua, com o jeito alegre e colorido de nossa gente. A Copa pela qual você esperava desde 1950, quando, moleque, chorou de dor. A Copa que você tinha combinado conosco que iríamos assistir juntos, mas não pôde esperar. A bola vai rolar nos quatro cantos do país e você não vai ver. Nós tínhamos um encontro marcado, mas você fechou os olhos e, cansado, dormiu.

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