Sofia é a gatinha dos meus vizinhos. Fujona, a-do-ra tirar uma pestana na minha janela, no calor do quase sol.
Eu já estava para tirar essa foto há tempos, mas nunca era rápida o suficiente, ou estava escuro demais, ou eu estava na correria diária, dava tchau e ia embora.
Hoje consegui. Não posso dizer que ela foi das mais amorosas. Quando me aproximei de seu refúgio para tentar fazer uma foto mais de perto ela abriu a boca cheia de dentinhos afiados e fez como a mulher gato no filme do Batman. Bati a foto e em retirada rapidamente.
Quando cheguei em casa, Shee estava a minha espera e eu trazia um ossinho de presente para ela, que se comportou como uma cachorrinha educada em minha ausência.
Foi a deixa para ela começar a andar pela casa a procura de um lugar para enterrar ou esconder seu precioso tesouro. Gemeu, resmungou, só faltou reclamar do assoalho de madeira. Cadê a terra? Até que resolveu subir na poltrona do escritório e começou a cavá-la. Isso mesmo, cavou a poltrona do escritório sem muita convicção e lá esperou, parada, osso na boca, devia estar pensando o que fazer. Não resisti: saquei a foto ao lado – princesa osso na boca, poltrona azul real, livros ao fundo a espera da sabedoria canina…