Como era gostoso o meu francês

 Cinema sempre foi a maior diversão para a família. Assim como os livros. E a música.

A primeira vez que vi o “Como era gostoso meu francês” foi no cinema, com mamãe e Denise, minha prima. Éramos crianças, o filme era censura livre (sim, era censura, não faixa indicativa), história ficcionada do Brasil e era cinema nacional de primeira grandeza.

Denise e eu entramos na sala de um jeito e saímos de outro. Nunca tínhamos visto tanto homem pelado juntos, na verdade, nunca tínhamos visto homem pelado, meu irmão, mais criança que nós, não contava. Foi um descortinar de um mundo novo, eu caí de amores por Arduíno Colassanti e até hoje lembro de como ficamos entusiasmadas com aquele filme de “adultos”.

No estudo da obra do grande mestre de nosso cinema, Nelson Pereira dos Santos, já tive oportunidade de ver e rever vários de seus filmes que, aos poucos, chegam ao mercado em DVD.

As informações de bastidores das filmagens, obtidas por intermédio do próprio diretor, de sua produtora executiva e em livros sobre sua obra são sempre um ponto a mais, como a questão de ter de pintar diariamente os corpos dos atores com urucum e a semente ser difícil de achar, a trabalhosa preparação do elenco, a construção da imensa taba indígena perto de Paraty, entre outros.

Quando o filme foi lançado no Brasil, em 1972, após difícil argumentação com os censores que não queriam ver homens pelados nas telas, as sessões lotaram, no entanto o público não entendia – naquele momento – quem era o herói da história. De acordo com o próprio Nelson, em entrevista para a Folha de São Paulo, anos depois, “não entenderam que o herói era o índio e não o mocinho, a tal ponto estavam influenciados pelos bangue-bangues de John Wayne”.

O DVD vendido no site da produtora vem com extras sobre as filmagens, a história de Cunhambebe, o índio brasileiro hoje e filmografia de Nelson. Programão imperdível.

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