A boa-fé cansa. A boa-fé causa problemas. De boa-fé assinei um contrato em que se tudo desse errado para eles, eu pagaria; se tudo desse errado para mim, voltaríamos para o zero. Com boa-fé Marluce fez amizade eterna com Cacilda, louca de pedra, e eu disse: “ela é louca”. Alguns anos depois, a louca virou pedra e Marluce saiu correndo. De boa-fé Ariadne trouxe remédios que não precisam de receita no exterior, e prolongam a vida sofrida de Emília, que tem uma doença incurável, e foi presa pela PF por contrabando de substância proibida pela Anvisa. A boa-fé causa prejuízos emocionais. A boa-fé constrange. Com boa-fé Sofia viajou com uma infecção no pé e medicada. Perdeu parte da viagem, poderia ter perdido o pé ou a vida. A boa-fé provoca medo. A boa-fé faz com que eu acorde acreditando que o dia seguirá seu fluxo honesto, contanto que eu me aliene das notícias dos jornais. A obrigatoriedade faz com que eu vote, porque aí não mais existe boa-fé. A necessidade faz com que eu gaste horas ao telefone com funcionários maltreinados de empresas de serviços, porque aí nunca houve boa-fé. A boa-fé dá trabalho. No entanto, a boa-fé nasceu comigo, cresceu em mim enquanto eu emprestava as bonecas, brincava com as amigas e trabalhava em equipe. A boa-fé fez de mim uma pessoa apatetadamente crente de que o bem prevalecerá. A boa-fé cansa.
Monikita, sempre passo por aqui, nem sempre comento. Sua reflexão gerou um conto que já me perturbava pra sair. Obrigada pela ajuda. É isso mesmo, às vezes, agira na boa-fé, cansa e como! bjnhos. ah! e o restante da história da Marialva? será que me perdi na novela? vou procurar os capítulos. eu estava gostando muito.